Vidas sem fronteiras: Ricardo Martins

Milena Spremberg

“As minhas primeiras memórias de estrada vem do meu pai, do radinho velho tocando Beatles. O cheiro de estrada vem da minha infância.”

Conheça a história do Ricardo, um brasileiro de 34 anos pedalando ao redor do mundo com a Dulcinéia, sua bicicleta de bambu.


Wise é uma nova e inteligente maneira de enviar dinheiro para o exterior, por uma fração do custo de um banco ou casa de câmbio. Na série de conteúdo Vidas Sem Fronteiras, nossos clientes nos contam histórias de como suas vidas transcendem fronteiras, e compartilham dificuldades, alegrias e aprendizados de quem se muda ou trabalha ao redor do mundo.


Ricardo é um carioca que quis reinventar sua felicidade saindo da bolha corporativa para desbravar o mundo. Em meio a sua pausa no leste europeu, após mais de 3 anos viajando, esse aventureiro conversou com a gente sobre o estilo adotado que ele chama de vida.

Com 17 anos eu comecei uma faculdade em Marketing e abri a minha primeira empresa, mas descobri que eu não seria feliz fazendo aquilo. A partir do momento que eu tive maturidade para pensar por mim mesmo, essa foi a primeira decisão que eu tomei. Eu sou filho de um caminhoneiro com uma atleta, então nada mais justo do que nascer alguém que ‘viaja fazendo um esporte’.

Com 22 anos eu fui viajar pela América do Sul com 150 dólares. Foram 4 anos naquele continente viajando com uma bicicleta comum. Quando eu terminei essa jornada chegou a imprensa para fazer entrevistas e comecei a dar palestras. Foi assim que a minha família começou a acreditar que eu não era somente um maluco viajando numa bicicleta. Foi aí que eu disse pra eles que ia dar a volta ao mundo. Aí, foi só uma questão de planejar, de entender quando eu estaria apto a iniciar.

Os momentos mais difíceis até hoje aconteceram durante o meu tempo na América do Sul. O meu pai que era o grande inspirador, faleceu no 6° mês de viagem. Foi o primeiro momento em que eu pensei que o preço à pagar seria alto demais. Não voltei ao Brasil, e foi uma das grandes e difíceis decisões. Eu tava em La Paz e fiquei 2 dias trancado no quarto, sem comer, sem água. Aí o pessoal do albergue se juntou pra pagar uma passagem para que eu voltasse pro Rio de Janeiro. Mas não era o que ele ia querer de mim. O esforço que eu fiz foi para resolver tudo que precisava ser resolvido com quem estava vivo.

O meu pai foi o meu melhor amigo. Ninguém amou mais o meu pai do que eu. Então não tinha necessidade dessa homenagem - eu já tinha feito isso em vida. Quando você se acostuma a viver entre extremos você precisa ver o que precisa ser feito, resolve e segue em frente. Não tem muito espaço para externalidades.

Depois, quando eu tava na Argentina eu quebrei o joelho lutando taekwondo. Eu cruzei o continente inteiro com minhas pernas e não conseguia mais subir uma escada. Eu acabei tendo uma depressão muito forte. Fiquei um ano fazendo terapia e, nessa época, comecei a trabalhar de cadeira de rodas. Um ano e meio e 3 cirurgias depois eu consegui me sentir apto a continuar e terminar a viagem. É engraçado, essa viagem de agora tem extremos, mas eu sei lidar melhor com eles.


Eu entendo melhor a minha mente, os meus limites, o meu corpo. Quando você é jovem é normal ter complexo de superman - que eu não tenho mais.


Um dia encontrei no Rio de Janeiro um cara com uma bicicleta de bambu. Parei ele e descobri que ele era fã do meu blog e que tinha comprado meu livro. Hoje ele é um dos meus melhores amigos. A Dulcinéia foi feita sob medida - foi feita para mim. Em abril de 2016, eu comecei a volta ao mundo pela África que eu cruzei de ponta a ponta. Eu estava indo para a Ásia quando fui convidado para fazer um TED talk na Alemanha. Foi nesse momento que minha família confiou em tudo. Claro, dentro dos limites do possível. Quando você cruza o Saara em pleno verão, não tem como a sua mãe ficar tranquila, mas na medida do possível dá.

Dificuldades a gente sempre encontra. Um grande problema era viajar com uma conta em banco nacional. Não funcionava de maneira alguma, porque as taxas são ridiculamente altas, e era tudo super confuso. Não ter que viajar mais com dinheiro quando eu descobri a Wise foi uma grande mão na roda. Foram amigos que indicaram a Wise e eu abri a minha conta na hora. Eu precisava mandar dinheiro para a Europa e também descobri o cartão de débito onde posso guardar saldos em várias moedas.

Hoje eu faço tudo via Wise. Quando preciso transferir dinheiro para outro país é sempre de uma maneira clara e eu não tenho surpresa no final. Hoje, agora, eu posso dizer que eu tô tranquilo com essa questão de administração financeira.

Quando cheguei na África do Sul, eu fui roubado à mão armada nos primeiros 20 quilômetros de viagem. Eu perdi o meu computador, dinheiro, tablet. Foi como um teste para você ver se é o que você quer mesmo. Mas deu tudo certo. Depois, quando eu tava em Zanzibar eu trabalhava ajudando um amigo. É uma longa história, mas a polícia destruiu lá à machadadas e eu tava dentro. Novamente roubaram as minhas coisas. Tive que trabalhar num hotel para poder comprar tudo de novo. Passei a ser gerente e eles me pagavam uma casa. As casas eram de palha, não precisava mais do que isso, mas resolveram limpar o terreno fazendo queimada em pleno verão na África. Uma fagulha virou um incêndio, e a casa queimou comigo dentro. Saí a tempo e não consegui salvar tudo. Tive que comprar tudo de novo. Mas eu sempre seguia.

Quando eu comecei a cruzar a Geórgia - um dos países mais seguros que conheci - eu fui atacado a facadas por um senhor. Eu sabia lutar e me defender muito bem então acabou não sendo um risco tão grave, mas não é uma coisa tranquila ter um cara tentando te matar. Também cruzei cinco guerras civis: foram três em Moçambique, uma no Quênia e outra na Etiópia. Foram zonas bem difíceis de cruzar, mas no fim das contas deu certo.

Fora isso, cruzar o Saara no deserto também foi bem difícil, porque fazia 60 graus todo o dia. Meu termômetro derreteu. O corpo é uma ferramenta maravilhosa, uma ferramenta de adaptação incrível, porque por mais que o calor seja grande, ele é uma barreira muito mais mental. Se você for minimamente saudável, o calor não vai te matar. Você só vai precisar beber muita água - eu tomava de 12 a 15 litros por dia.


Tem muita gente incrível, mas no dia a dia quem muda a sua vida é o tiozinho. Os grandes heróis são cotidianos. Você conhece pessoas nos vilarejos e a criança que te ensina a contar estrelas. Ainda mais de bicicleta, eu passo por lugares onde ninguém passa.


Eu não quero mudar o mundo. Em vez disso, eu quero mudar uma pessoa. Eu quero ter ações que eu posso planejar, controlar, executar e conferir o resultado. Assim eu sou muito mais eficiente. No inverno na Bósnia eu fiz uma campanha para doação de calçados para os refugiados, para comprar 100 botas de inverno. Eles andam 3 meses da Turquia para a União Europeia debaixo de neve. Eu penso muito mais de maneira local ao invés de pegar no macro. Se eu consigo mudar uma partezinha do meu mundo eu consigo fazer uma diferença pouco a pouco. Eu mudo muito mais hoje querendo menos.

Se eu não vivo sem fronteiras, não sei se alguém mais vive. Eu me vejo onde eu quero, como eu quero, da maneira que eu quero. Isso é muito livre. Viajar não é um feriado para mim. Estou há muito tempo rodando por muitos lados. Agora vai ser a primeira pausa estratégica, para eu sentar e replanejar. É a primeira vez que eu paro. Eu tô administrando um podcast, escrevendo para uma revista de bicicleta.... Tô fazendo isso tudo e tô descansando. Ufa!


Para acompanhar a viagem do Ricardo, acesse o seu site ou Instagram.


Por Milena Spremberg e Igor Gasparello, exclusivamente para Wise. Fotografias fornecidas por Ricardo.


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