Vidas sem fronteiras: Cristina e Fernando

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Conversamos com Maria Cristina e Luiz Fernando, mãe e filho em uma família de músicos, sobre estudar fora, a cena de música clássica hoje em dia e como o momento que vivemos pode ter um impacto positivo - inclusive na arte.

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Cristina: O gosto pela música é algo presente em toda a minha família. Eu estudei dezoito anos de piano, cheguei a fazer três anos de faculdade de música de composição e regência, e conheci o meu marido pela música. Tudo que acontecia na minha vida me levava à música. O Fernando não teve como escapar.

Luiz Fernando: Para mim a coisa mais sensacional é saber que faz parte dos nossos costumes, como sociedade, ouvir música e associá-la ao que está acontecendo na nossa vida. Isso vira uma coisa muito pessoal. Quando ao final de uma apresentação alguém vem falar comigo chorando, imagino que esse alguém foi tocado pela música do jeito que eu tantas vezes fui. Foi o apoio da música - o apoio psicológico mesmo - que me fez conseguir passar por várias situações na vida. Saber que eu estou conseguindo levar isso para outras pessoas é muito forte.

Cristina: Com 13 anos o Fernando foi para os Estados Unidos pela primeira vez. O professor de violoncelo dele aqui no Brasil sugeriu um curso de verão de música, onde os alunos ficam completamente imersos, em uma cidadezinha minúscula de 800 habitantes. Na época, ele só tinha o inglês da escola e que ele treinava assistindo filmes, mas ele foi com a cara e a coragem.

Quando ele voltou, nós vimos o resultado muito positivo, tanto pessoalmente como musicalmente. Nesse primeiro ano nós tivemos que custear integralmente o valor do estudo, e era um bom dinheiro. Usamos uma poupança e nos anos seguintes ele foi conseguindo bolsa. O professor de violoncelo desse curso acabou vindo para o Brasil e nos perguntou como eram as notas do Fernando na escola. Ele era um ótimo aluno! Esse professor tinha o direito de oferecer uma bolsa de estudos para uma faculdade nos Estados Unidos e ele quis saber se tínhamos interesse em trabalhar para isso. Ficamos dois anos focados e ele conseguiu bolsa integral na Northwestern University para performance em violoncelo.

Luiz Fernando: O mais legal de ir para lá foi uma combinação de coisas: o professor é um gênio, a faculdade é muito legal e é tudo muito organizado. Mas o ponto mais alto para mim foi a troca de referência. No Brasil a cena da música clássica não é tão forte como em outros países, e no exterior você tem muito mais gente da minha idade estudando instrumento. Isso traz um ambiente onde o nível está muito mais alto, o que te "puxa pra cima". No Brasil eu estava confortável, mesmo tendo muita gente melhor que eu.

Assim que pisei o pé fora do Brasil esse negócio do confortável foi embora. É sempre uma sensação de que eu estou ficando para trás e que nada é suficiente. Isso te empurra para estudar e trabalhar e sempre melhorar. Você também está vendo outras pessoas fazerem coisas que você pode incorporar ao seu trabalho. Essa troca é incrível.


Meu curso vai até junho de 2021. Mas de repente aconteceu essa pandemia. O maior problema dessa decisão de voltar para o Brasil, por causa do coronavírus, é que a gente estava num ponto onde o cenário mudava constantemente e não sabíamos em que direção. Fizemos a decisão às cegas porque tentamos racionalizar, pensar o que era melhor, e não dava para chegar numa resposta.

Estávamos nesse “vou, não vou” ainda achando que eu ia ter tempo de resolver algumas coisas, quando chegou um e-mail falando que a cidade onde fica a faculdade ia entrar em lockdown a partir do dia seguinte. As companhias aéreas começaram a cancelar todos os voos. Então meus pais ligaram e falaram “Você está vindo amanhã. Se você não vier amanhã você não vai conseguir vir”.

Meus planos para esse ano ficaram para trás. Desde que eu voltei para o Brasil, o concurso que eu não queria perder nos Estados Unidos foi movido para online, todas as aulas que talvez voltariam no final de abril foram canceladas. Vai ser tudo online até o final do ano letivo. Aquele curso de música que eu ia fazer de junho a agosto também foi cancelado. Se eu tivesse ficado lá eu estaria num apartamento pequeno, sozinho.


Onde com certeza vamos ver um impacto por causa do coronavirus - ainda estou decidindo se vai ser positivo ou negativo - é na cena da música clássica no mundo. Ela está mudando faz tempo, mas não tanto o quanto precisaria. O mundo está indo para uma direção diferente, onde um concerto de duas horas, com as luzes apagadas, você não pode "dar um pio", não pode sair para ir ao banheiro, você está longe dos músicos... isso deixou de ser uma coisa agradável e que as pessoas gostam de fazer. Eu acho que por isso a cena da música clássica está ficando cada vez menor. É um formato que já "passou da conta".

Agora estamos vendo várias organizações enormes como a Filarmônica de Berlim, a Sinfônica de Chicago, todas as orquestras grandes do mundo estão pegando uma boa parte das apresentações do programa e movendo, com limitações, para plataformas online. Então eu acho que esse momento que estamos vivendo pode ser um pontapé para uma mudança muito necessária no meio da música clássica. Está na hora de se adaptar ao século XXI.

Cristina: Eu sei que em breve ele vai voltar para os Estados Unidos, mas a gente está preparado para isso. Hoje é diferente da primeira vez que ele foi: agora a gente se fala por vídeo todo dia e conseguimos ver na expressão dele, na voz e na fisionomia se ele está bem. Estamos próximos dentro do possível. A internet realmente diminui a distância e a gente sabe o quão grande é a oportunidade e o crescimento que ele está tendo lá.


Entrevista de Vinício Mancuso, texto por Milena Spremberg, exclusivamente para Wise. Fotos fornecidas pela família.


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