Representatividade: mulheres no mundo dos esportes

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Quantas competições esportivas femininas você já assistiu? Registrando um aumento no público e batendo recordes internacionais, as mulheres vêm se destacando cada vez mais, quebrando barreiras e mostrando que lugar de mulher é onde ela quiser, inclusive no mundo esportivo.

Mas essas conquistas não vieram do dia para a noite, e continuam longe do lugar mais alto do pódio. A trajetória das mulheres no esporte e o aumento da visibilidade dessa atuação está ligado à luta contínua por espaço, igualdade e estrutura adequada. Não fosse a persistência de Aída dos Santos, que** **competiu mesmo sem apoio em 1964, conquistando a melhor colocação para atletas brasileiras em Jogos Olímpicos, talvez hoje não teríamos atletas premiadas como Marta, Simone Biles, Serena Williams, Rafaela Silva e Rayssa Leal. Essas mulheres, entre inúmeras outras, não só elevaram o nível de suas modalidades, mas também abriram caminho para futuras gerações de atletas.

Os esforços para a valorização das mulheres no esporte têm resultado em competições mais organizadas, transmissões televisivas mais frequentes e patrocínios, que antes eram raros. Para você ter uma ideia, a final da Champions League Feminina de 2024 bateu recorde de público: mais de 50,8 mil torcedores lotaram o estádio San Mamés, em Bilbao, na Espanha, para acompanhar a competição. A WNBA (Women's National Basketball Association) também está vendo os números da audiência subirem e projeta a inclusão de novos times para aumentar a representatividade feminina.

Apesar do cenário estar melhorando, o caminho é longo. A disparidade salarial entre homens e mulheres ainda é grande, assim como a diferença nas cotas de premiações em competições renomadas também.

A luta por espaço, visibilidade e estrutura

A trajetória das mulheres nos esportes não é apenas sobre vitórias e recordes. É também uma luta constante por espaço, visibilidade e melhores condições. Historicamente, as mulheres enfrentaram preconceitos e restrições que limitam sua participação nos esportes. Você sabia que, por mais de 40 anos, as brasileiras foram proibidas de jogar futebol? Durante a Ditadura Militar, foi tirado o direito às mulheres de praticar esportes “incompatíveis com as condições de sua natureza”. Apenas em 1983 o Conselho Nacional dos Desportos considerou o futebol feminino aceitável e o regulamentou.

Essa conquista só foi alcançada porque as mulheres seguiram lutando por seu espaço. E assim seguem até hoje: rompendo barreiras e conquistando seu lugar de direito. E essa é uma luta não apenas das atletas, mas de todas as mulheres que, direta ou indiretamente, contribuem para a evolução do esporte feminino: organizações, equipes, treinadoras, árbitras e torcedoras desempenham papéis essenciais na batalha pela igualdade e reconhecimento.

Por que a expansão dos esportes femininos é importante?

Com a popularização dos esportes femininos, vemos estádios cada vez mais cheios, transmissões ao vivo com grandes números de audiência e a ampliação da cobertura midiática. Isso deixa claro que existe uma crescente demanda do público por eventos esportivos femininos, vistos como espetáculos de grande valor e qualidade.

Esses índices positivos movimentam toda a cadeira do esporte feminino: maior reconhecimento para as atletas, melhores estruturas e patrocínios. Além, é claro, de reforçar a imagem de que o esporte feminino é um produto comercializável, capaz de gerar lucros e atrair um público fiel — assim como já vimos nos esportes praticados por homens.

Além disso, quando mulheres atletas alcançam destaque, elas se tornam referência para meninas e mulheres de todas as idades e do mundo todo. Ver mulheres competindo e vencendo em níveis altos inspira novas gerações a se envolverem no esporte, aumentando a participação e o interesse feminino desde cedo.

A evolução e participação de mulheres no esporte

  • 1900: primeira participação feminina em jogos olímpicos;
  • 1932: Maria Lenk foi a primeira mulher brasileira e a única sul-americana nos jogos;
  • 1964: Aída dos Santos viaja sem técnico, uniforme e apoio para participar dos jogos e alcança a melhor colocação até então (4º lugar);
  • 1976: Nadia Comaneci, aos 14 anos, conquista o primeiro 10 da história da ginástica;
  • 1979: fim do decreto 3.199, de 14 de abril de 1941, que não permitia às mulheres “a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza”;
  • 1983: regulamentação do futebol feminino no Brasil;
  • 1988: criação da Seleção Brasileira Feminina de Futebol;
  • 1991: realizada a Primeira Copa do Mundo de futebol feminino;
  • 1994: Seleção Feminina de Basquete conquista o ouro no mundial;
  • 1996: Brasil conquista primeiro ouro olímpico no vôlei de praia com Jacqueline e Sandra;
  • 2008: Danica Patrick foi a primeira mulher a vencer a Fórmula Indy;
  • 2012: mulheres podem participar de todas as modalidades olímpicas;
  • 2018: Marta, a camisa eterna 10 da Seleção Brasileira, foi eleita a melhor jogadora do mundo pela sexta vez;
  • 2024: mulheres são 50% dos participantes dos jogos de Paris.

Deu para notar a importância das mulheres no mundo do esporte? A representatividade feminina é fundamental não apenas para a equidade dentro das competições e para alcançar feitos inéditos, mas também para a promoção de uma sociedade mais inclusiva, inspiradora e justa.

A próxima Copa do Mundo Feminina será no Brasil, em 2027. Um baita incentivo para melhorarmos as estruturas e valorizarmos as atletas nacionais, não é mesmo?


Fontes consultadas:

Carta Capital - A luta pela inclusão de todas as mulheres nos esportes
Uol- Como elas chegaram lá?
Agência Senado - Futebol feminino já foi proibido no Brasil, e CPI pediu legalização
Globo Esporte - Decreto-lei que proibiu a prática do futebol feminino completa 80 anos
Globo Esporte - Barcelona vence o Lyon o Lyon e é tricampeão da Champions League Feminina
Sports MKT - WNBA draft 2024 quebra recordes de audiência


Escrito por: Heloísa Jahn


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